sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Oscar 2017: Indicados a Melhor Filme

Oi!

Mais um post sobre os indicados ao Oscar 2017. Hoje vou falar sobre 5 concorrentes da categoria Melhor Filme.


Para quem perdeu, já falei sobre ‘A Chegada’, 'Animais Noturnos', ‘Toni Erdmann’, ‘A 13ª Emenda’, ‘O Lagosta’, ‘Capitão Fantástico’, ‘Jackie’, ‘Um homem chamado Ove’ e ‘Elle’. Os links estão no final do post ;)

La la land (La la land – Damien Chazelle, 2016) [Estados Unidos]
Mia é uma barista que sonha em ser atriz. Sebastian é um músico apaixonado por jazz que pretende abrir um bar dedicado a esse estilo musical. O acaso faz com que os caminhos deles se cruzem e, mesmo com os atritos iniciais, eles se apaixonam. É uma simples história de amor com direito a todos os clichês do gênero. Mas isso não quer dizer que seja ruim. Pelo contrário, os clichês são bem utilizados, o que faz o filme funcionar perfeitamente. Como se trata de um musical, é claro que tem aqueles momentos em que os personagens saem dançando do nada e depois voltam a realidade (adoro!), e esses números coreografados são muito bem executados. Muitos deles são homenagens a clássicos do estilo (veja aqui a comparação de cenas). A música-tema é linda e muito grudenta, daquelas que ficam tocando em looping na cabeça depois que o filme termina. O visual de sonho, totalmente adequado à essência do filme, é lindo demais. Ainda tem referências aos anos 80 (yay!) e um final incomum para tramas românticas. A química entre Emma Stone e Ryan Gosling funciona mais uma vez. Apesar de não ter nada de muito inovador, o trabalho é extremamente bem-feito. E o fato de homenagear o cinema e ícones do jazz tem grande peso na decisão da academia. Tem tudo para levar o Oscar.
Nota: 5/5

Estrelas além do tempo (Hidden figures – Theodore Melfi, 2016) [Estados Unidos]
Adaptação do livro de mesmo título que conta a história de três mulheres negras que trabalhavam para a NASA na época da corrida espacial, período em que os EUA viviam uma grande onda racista que separava brancos e negros em diversos ambientes. Katherine Johnson (matemática), Dorothy Vaughan (matemática e programadora – a 1a afrodescendente a ocupar o cargo de gerente na NASA) e Mary Jackson (matemática e engenheira – a 1a negra a ocupar esse cargo na Agência Espacial Americana) enfrentaram todo tipo de preconceito racial e de gênero para se firmarem em suas carreiras e provar que eram tão capazes quanto qualquer homem (branco ou negro). O filme foca mais na vida de Katherine (e seu cérebro assombroso), tanto no ambiente de trabalho quanto doméstico, mas as outras duas personagens complementam seus avanços e ainda destacam a força da amizade feminina. Os feitos dessas três pioneiras quase esquecidas pela história são absolutamente incríveis e inspiradores e merecem ser lembrados e divulgados. Mas o filme, em si, tem uma narrativa bem tradicional e uns momentos bonitos (como quando bambambam e chefe do departamento em que trabalha Katherine toma uma atitude heroica e arranca a placa do banheiro que segregava negros e brancos), mas que são bem manipuladores e romantizados, friamente calculados para arrancar lágrimas dos espectadores. Enfim, é um bom filme que conta uma história de vida poderosa.
Nota: 3,5/5

Moonlight (Moonlight – Barry Jenkins, 2016) [Estados Unidos]
O filme cobre três fases da vida de Chiron: criança, adolescente e adulto. Em cada um desses estágios, ele é chamado por um nome diferente (Pequeno, Nego, Chiron) e os nomes que ele recebe nos três momentos distintos de sua existência já entregam o assunto principal do filme: uma jornada de autoconhecimento. Desde pequeno, Chiron sofre bullying na escola porque é um garoto delicado e sensível; todos o chamam de ‘bicha’ e ele é tão pequeno que nem sabe ainda o que isso quer dizer. Na adolescência, sua sexualidade começa a despertar e a intensidade dos ataques a Chiron aumenta, o que faz com que ele reaja e acabe tomando um rumo perigoso (na verdade, ele perde o rumo). Já adulto, ele finalmente parece entender quem é e o que quer da vida. A história se passa em uma parte pobre de Miami e, embora a tela exiba uma população negra, drogas e violência, o filme não explora essa combinação para reforçar estereótipos. Destaco, além da linda cena final, a relação que Chiron criança estabelece com Juan, traficante da área, e sua esposa Teresa. Mesmo tendo tudo para ser considerado ‘o cara mau’ da história pela atividade ilegal que realiza, o personagem de Juan é cheio de camadas e uma figura paterna protetora que preenche essa lacuna na vida do pequeno Chiron. Teresa, então, é muito mais mãe para o garoto do que a sua mãe biológica, que, em vez de ajudar e defender o filho, só causa a ele mais preocupação e temor. Indico fortemente.
Nota: 4/5

Um limite entre nós (Fences – Denzel Washington) [Estados Unidos]
Troy é coletor de lixo. Seu filho do primeiro casamento já tem trinta e poucos anos e tem alma de músico, mas vive pedindo dinheiro ao pai para pagar as contas. O filho mais novo, de seu atual casamento com Rose, é um adolescente que pretende usar suas habilidades de jogador de futebol americano para entrar na faculdade. No entanto, Troy é um cara de mente fechada, que acha que só há um modo de fazer as coisas (o dele, lógico), que não percebe que o mundo mudou, e, por isso, vive discutindo com os filhos. A esposa, que, segundo o próprio Troy, foi quem deu a ele um rumo na vida, é a figura apaziguadora, que tenta contornar a teimosia do marido para satisfazer as vontades do filho e do enteado. E Troy... bem, ele é um cara difícil. O filme é baseado em uma peça (o que fica bem evidente no início, com Denzel Washington falando sem parar e personagens entrando e saindo de cena como se estivessem no palco) e conta uma história simples, de gente comum, tentando lidar com as dificuldades do dia a dia. Um dos temas é o medo de se tornar o próprio pai (ou mãe). Troy teve uma infância difícil, com um pai autoritário e violento, e isso acabou prejudicando seu futuro. Para evitar que o filho arruíne suas chances de sucesso, Troy acaba forçando sua visão de mundo para ele e, no fim, reproduz o comportamento paterno que tanto odiava. Outro assunto é o casamento e como os anos de convívio pesam de modo diferente para o homem e para a mulher e como é complicado equilibrar as vontades. Amarrando tudo há a saga da cerca, que é construída do início ao fim do filme, e que, dependendo do momento, tem funções diferentes: proteger quem está dentro, afastar quem está fora e separar quem está unido. O ponto forte do filme é mesmo a interpretação de Viola Davis e Denzel Washington. Os dois dão show.
Nota: 3,5/5

Lion: uma jornada para casa (Lion – Garth Davis, 2016) [Austrália]
O filme começa com o adolescente Guddu e seu irmão de 5 anos, Saroo, roubando uns pedaços de carvão em um trem de carga em movimento. Eles fogem do guarda, pulam do trem em movimento, andam nos trilhos. Correm vários riscos para poder trocar o carvão por dois saquinhos de leite, que dividem com a mãe e a irmã ainda bebê. À noite, a mãe sai para trabalhar e deixa a filha menor aos cuidados de Saroo, enquanto Guddu se prepara para cair nas ruas novamente atrás de qualquer coisa que possa lhe render uns trocados ou algo de comer. Mesmo a contragosto e contra as orientações da mãe, Guddu acaba levando o irmãozinho com ele, mas o menino, tão pequeno, adormece em um banco da estação de trem e, quando sai em busca de Guddu, embarca em um trem que o leva para Calcutá, a 1600 km do povoado onde ele mora. Sem conseguir voltar para casa, Saroo passa muitos perrengues, perdido na cidade grande, vai parar em um abrigo/depósito de crianças e, por sorte, acaba adotado por um casal australiano. Ele leva uma vida feliz e confortável no seio de uma família amorosa, mas 25 anos depois de ter deixado sua terra natal, ele empreende uma busca insana pelos parentes que deixou na Índia. Eu nem sabia direito sobre o que era a história, só que era baseada em eventos reais. Foi ótimo. Pude aproveitar o filme sem expectativas e fui arrebatada pela trama que inclui uns momentos tristes e outros divertidos; pela câmera que avança com Saroo pelas vielas e corredores; pela bonita relação entre Guddu e Saroo; pela família australiana de Saroo e seu amor transbordante. Gostei muito, muito mesmo.
Nota: 4/5

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