segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Veja Mais Mulheres: Filmes #36-40 - Seleção 2


Para a parte 2 da seleção de filmes que vi para o #vejamaismulheres, mas que por um motivo ou outro acabei não postando aqui, separei 5 produções nacionais (na verdade, a última da lista é uma coprodução de Brasil/Portugal/França/Dinamarca/Suécia): “Muito além do peso”, “Califórnia”, “Que bom te ver viva”, “A hora da estrela” e “Olmo e a gaivota”.

Filme #36: Muito além do peso (Estela Renner)
Documentário muito bacana sobre obesidade infantil que mostra que nem sempre a culpa é dos pais – ou como é fácil apontar o dedo para eles e isentar o governo omisso que cede à pressão da indústria alimentícia multimilionária e aos apelos da propaganda. Achei bem interessante que a diretora foi atrás de exemplos de crianças obesas de classes sociais diferentes e que vivem nas mais diversas realidades, e como ela mostra que os pais, sem a ajuda da escola, do poder público e da sociedade como um todo, não têm como vencer essa batalha. Estela Renner é uma diretora e roteirista paulistana que tem como foco de seus trabalhos a promoção de mudanças sociais e ambientais.
Nota: 4/5

Filme #37: Califórnia (Marina Person)
Ambientado nos anos 80, o filme conta a história de uma adolescente que lida com os dilemas próprios da idade enquanto sonha com sua viagem para a Califórnia, onde mora o tio que ela adora. A volta inesperada do tio para o Brasil devido ao seu estado de saúde delicado muda os planos da garota, que tem que aprender a lidar com a realidade nova e assustadora da AIDS, na época uma doença que envolvia muitos preconceitos e tabus, ao mesmo tempo em que inicia sua vida sexual. Não gostei muito no início, mas, conforme o filme avançou, fui totalmente rendida. A reconstrução de época e a trilha sonora são maravilhosas, e fiquei nostálgica ao relembrar aqueles anos. Marina Person é uma diretora, apresentadora e atriz nascida em São Paulo que ficou nacionalmente conhecida como VJ da MTV, mas que também já trabalhou na TV Cultura, Canal Glitz e Canal Brasil.
Nota: 4/5

Filme #38: Que bom te ver viva (Lúcia Murat)
Um misto de documentário e ficção, o filme combina entrevistas de mulheres que foram presas políticas na época da ditadura no Brasil com segmentos em que uma personagem anônima, vivida por Irene Ravache, conta suas experiências daquela época e fala do momento atual (no caso, os anos 80, já que é uma produção de 1989). O interessante do filme, além do resgate histórico, é perceber como cada mulher se envolveu na luta contra o governo, quais os efeitos que isso teve em suas vidas naquele tempo e ainda hoje, a postura de cada uma para lidar com as dificuldades. Lúcia Murat é uma diretora brasileira nascida no Rio de Janeiro com 10 longas no currículo. ‘Que bom te ver viva’ foi seu segundo filme e reflete os horrores que ela mesma viveu e presenciou como presa política.
Nota: 4/5

Filme #39: A hora da estrela (Suzana Amaral)
Adaptação do livro de Clarice Lispector, que conta a história da nordestina órfã, ingênua e sonhadora que vai para a cidade grande trabalhar como datilógrafa e se apaixona pelo metalúrgico Olímpico, um cara tão ignorante quanto ela, mas que finge saber de tudo e vive humilhando a pobre garota. Eu já havia falado sobre livro e filme em outro post, mas, como assisti ao filme mais uma vez, graças a um clube de leitura + sessão de cinema, e como continuo achando uma das produções mais incríveis do cinema nacional, resolvi incluí-lo aqui nesta seleção. Suzana Amaral é uma cineasta, roteirista, crítica de cinema e professora de cinema paulistana que tem no currículo uma série de documentários feitos para TV Cultura, uma minissérie e três longas de ficção. ‘A hora da estrela’, seu primeiro longa-metragem, deu a Suzana vários prêmios e reconhecimento internacional.
Nota: 4/5

Filme #40: Olmo e a gaivota (Petra Costa e Lea Glob)
Olivia é uma atriz de trinta e poucos anos que se prepara para viver o papel de sua vida numa montagem da peça ‘A Gaivota’, de Tchekhov, que sairá em turnê internacional. Só que a moça descobre que está grávida, e que é uma gestação de risco, e então precisa abandonar os palcos por uns tempos. O filme mistura realidade (o acompanhamento da gravidez real da atriz em uma espécie de diário filmado) e ficção (a montagem da peça e a forma como Olivia vê sua vida refletida nas personagens feminina do drama), e levanta questões importantes, como o fato de nem toda mulher ter o desejo de ser mãe, de como nem toda grávida acha a gestação um momento mágico e fabuloso, de como a vida da futura mãe muda drasticamente mesmo antes do nascimento do bebê, dos conflitos da vida profissional e pessoal, e por aí vai. Petra Costa é uma atriz e diretora brasileira nascida em Belo Horizonte e tem dois longas de ficção no currículo, sendo este seu segundo filme. Lea Glob é uma diretora e produtora dinamarquesa que já dirigiu dois longas-metragens e um documentário curta-metragem.
Nota: 3,5/5

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Este post faz parte do projeto Veja Mais Mulheres, criado pela Cláudia Oliveira. Para ver o post de apresentação que inclui minha lista de filmes e os links para as respectivas postagens, clique AQUI. 

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