segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Top Ten Tuesday: Dez livros aprovados por Killgrave

Sou uma pessoa sem timing para tags e posts similares. Vejo, acho legal e salvo para um dia responder. E então se passam semanas, meses... Enfim, o post de hoje é inspirado no ‘Top Ten Tuesday: Dez livros aprovados por Killgrave’, que vi no blog ‘Por essas páginas’, e foi originalmente criado pelo blog The Brook and the Bookish. Hoje não é Tuesday e muitas outras séries já viraram febre depois de Jessica Jones, mas não importa. Tô a fim de postar e postarei. Para quem é mais perdido que eu, explico o tema: Killgrave é o vilão da série, que tem o incrível poder de controlar mentes. Sendo obcecado pela Jessica, ele usa esse seu poder para controlá-la em um relacionamento abusivo. Logo, ele aprovaria livros que falem desse tipo de relação destrutiva. Então, vamos lá!



Listei os livros conforme fui lembrando ao olhar minha estante de “Lidos” do Skoob. Surpreendentemente, percebi que já li muita coisa que se encaixa no tema. Relacionamentos abusivos podem se dar não apenas em um casal (podem ocorrer entre pais e filhos, por exemplo), mas hoje vou focar só nas ligações não-filiais.

1. O Papel de Parede Amarelo (Charlotte Perkins Gilman)
O conto fala de uma mulher no puerpério que é mantida isolada em um quarto pelo marido. A princípio, o esposo, que é médico, parece agir no interesse de curar a esposa, mas aos poucos vamos percebendo o abuso psicológico, já que ela tenta dizer a ele várias vezes que se sente cada vez pior e mais depressiva com o isolamento, e ele não presta atenção no que ela diz, afinal, ele é o médico-marido-homem que sabe o que está fazendo. Ao ficar trancada sozinha no quarto, proibida de qualquer atividade intelectual, não resta nada à mulher a não ser ficar encarando o bizarro papel de parede do título, e, gradualmente ela vai entrando numa espiral de alucinação. Esta história até parece 'leve' perto de outros casos de abuso, mas por isso mesmo é importante: porque fala de algo que não é percebido imediatamente como tal. Publicado pela primeira vez em 1892, é um marco da literatura feminista, época em que não se cogitava a possibilidade de depressão pós-parto e tudo que se relacionava às mulheres e não era entendido era tachado como “histeria” e “loucura”.

2. A História do Novo Sobrenome (Elena Ferrante)
Embora provavelmente a série toda retrate violência contra as mulheres, escolhi esse segundo volume da Quadrilogia Napolitana porque ele traz Lina, uma das personagens principais, vivenciando essa experiência durante um bom tempo. Para quem não sabe, a história começa nos anos 50, em Nápoles, uma região pobre e violenta, e se desenrola nas décadas seguintes, contada por Lenu, a melhor amiga de Lina, atualmente desaparecida. Nesse segundo livro, Lina, de 16-17 anos, acabou de se casar e começa a enfrentar problemas já na lua de mel: ela se recusa a transar com o marido e ele a agride e estupra. Devido ao seu temperamento impulsivo e independente, que desafiava os padrões da sociedade napolitana da época, ela é espancada constantemente. O mais triste de tudo é que as mulheres da região apoiam o marido de Lina, torcem para que ele consiga 'dobrá-la', já que a esposa era então vista como propriedade do marido e devia fazer o que ele queria. Aquela velha história de 'em briga de marido e mulher não se mete a colher'.

3. A Inquilina de Wildfell Hall (Anne Brontë) [resenha]
Helen é uma esposa que come o pão que o diabo amassou com o marido bêbado e violento, que só queria saber de festas, mulheres, jogatina e caçadas. Ele não só se entregava a todas essas atividades como ainda levava amantes para a própria casa na presença da esposa e embebedava o filho pequeno. Quando Helen sugere o divórcio (a história se passa em meados do Século XIX) abrindo mão de tudo a que tinha direito desde que pudesse se afastar com o filho, o marido obviamente recusa, alegando que seria uma vergonha para ele e, assim, ela tem que buscar outra saída.

4. A Chave de Casa (Tatiana Salem Levy) [resenha]
O ponto central da trama não é o relacionamento amoroso da protagonista, que recebe do avô a chave da antiga casa dele, na Turquia, e decide viajar para conhecer melhor a história de sua família e entender melhor a si mesma. A narrativa é toda fragmentada, e os trechos em que a personagem fala do cara com quem se relacionava a princípio parecem revelar uma relação sexy, mas, aos poucos, é possível perceber que não se tratava de nada disso: era uma união destrutiva. Isso vai ficando mais claro conforme relacionamos o estado atual perturbado e amendrontado da protagonista com eventos de seu passado recente.

5. Dias Perfeitos (Rafael Montes)
Clássica história do cara inseguro que fica obcecado pela primeira mulher que o enxerga e é atenciosa com ele. Na cabeça dele, isso é sinal de paixão e ele vai fazer de tudo para que ela fique com ele – nem que esse 'tudo' envolva sequestro, cárcere privado, algemas, sedação, abuso sexual. Como assim ela não percebe que tudo que ele faz é porque a ama?

6. Adeus Tristeza (Belle Yang)
Esta graphic novel é inspirada na história real da autora e conta a saga de seus ancestrais. O ‘detalhe’ abusivo: ela estava trocando de carreira, começando a estudar artes, finalmente feliz por ter encontrado algo que realmente queria fazer na vida, quando é ameaçada de morte por um ex-namorado. Então, larga tudo e volta a morar na casa dos pais. Além de ficar paralisada de medo, ainda tem que aguentar a censura dos pais, que a veem como um fracasso e vergonha para a família.

7. No Escuro (Elizabeth Haynes) [resenha]
Esta é a história de como Catherine, uma mulher extrovertida e bem-sucedida, se transforma em Cathy, uma pessoa aterrorizada que sofre de TOC e síndrome do pânico, graças a um relacionamento abusivo com o cara dos sonhos de qualquer garota – e é justamente por ser o namorado 'perfeito' que ninguém acredita quando Catherine diz que ele a agredia e ameaçava, nem mesmo quando a encontram magra e cheia de hematomas. Será que as pessoas não viam ou achavam melhor não ver?

8. Um Crime Delicado (Sérgio Sant’Anna) [resenha]
Um homem troca olhares com uma moça no bar e, dias depois, a encontra por acaso nas escadas do metrô. Descobre, então, que ela era manca, o que a torna ainda mais interessante aos seus olhos. Fetiches à parte, o cara fica obcecado pela mulher e o caso termina em assassinato (no desenrolar da trama, realidade e fantasia se misturam, e o personagem masculino está no banco dos réus – nós, leitores, tentamos decidir se ele matou ou não a moça). Mais um relacionamento que começa bem, mas vai degringolando, e o que parecia ser amor se revela comportamento violento e doentio.

9. Quarto (Emma Donoghue) [resenha]
Uma criança de 5 anos e sua mãe vivem em um quarto. O menino nunca saiu de lá (na verdade, nasceu ali). O espaço é diminuto e a comida dos dois é racionada. De tempos em tempos, o Velho Nick aparece para fazer uma ‘visita’ à Mãe. Nessas ocasiões, o menino Jack tem que ficar quietinho dentro do armário, para não incomodar o homem. Não quero falar muito porque adoro essa história e acho que vale a pena ir descobrindo aos poucos do que se trata (o filme também é bem bacana), mas essas poucas palavras já sinalizam que a trama é pesada, né?

10. Tarântula (Thierry Jonquet) [resenha]
Se você já viu “A pele que habito”, do Almodóvar, então conhece a história. A trama é truncada e apresenta vários personagens que, a princípio, não sabemos como se relacionam. Mas, como o tema aqui é relacionamento abusivo, vou focar em dois deles: o cirurgião Richard e Éve. Ela é uma mulher linda, que passa os dias trancada em seu quarto, nua, pintando e tocando piano. Não dá para perceber, no início, qual sua ligação com Richard (esposa? amante? garota de programa?), mas uma coisa é certa: é abusiva. Richard gosta de admirá-la e exibi-la em eventos, a enche de joias, perfumes e roupas caras e sente um prazer sádico em vê-la humilhada em sessões de tortura sexual que agenda para ela. Bizarro? Sem dúvida! Mas é um livro incrível (assim como o filme), que recomendo muito!


E vocês, têm outros títulos para indicar sobre o assunto? 
Deixem aí nos comentários.

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