segunda-feira, 18 de julho de 2016

Veja Mais Mulheres: Filme #21 - Ocean Heaven


“Ocean Heaven” é a história de um pai que descobre ter poucos meses de vida e, então, decide ensinar ao filho autista tudo o que puder para que ele seja independente e possa continuar seu caminho sozinho.


A história é bem simples, mas não por isso desinteressante. A força do filme está justamente em focar em uma situação trivial de relacionamento entre pai e filho para mostrar a importância de se estimular a independência de pessoas com algum tipo de deficiência cognitiva, respeitando suas limitações, é claro.


No filme, o pai, Wang, é interpretado por Jet Li, mostrando que, além de lutar muito bem, também é capaz de emocionar. Foi ele quem criou o filho desde pequeno, após a morte da esposa. Eles têm um bom relacionamento e Wang é um pai dedicado, mas às vezes trata Dafu, o filho de 21 anos, como criança. É um erro compreensível, fruto da intenção de ajudar. No entanto, quando descobre que vai morrer, Wang se dá conta de que Dafu ficará sozinho no mundo, e que, portanto, precisa saber fazer as coisas por si mesmo.


É então que vemos o desespero de um pai aflorar. A angústia é tão grande que, logo nas primeiras cenas, ele se joga no mar amarrado ao filho e a uma pedra, tentando pôr um fim rápido à sua dor. Como seu plano falha, ele começa a buscar instituições que possam acolher o filho após sua morte, se esforça em ensinar Dafu a cuidar da própria higiene e alimentação, insiste em ensinar ao rapaz o conceito abstrato de dinheiro, treina o moço para que saiba usar o ônibus, procura ensinar a ele um ofício simples no aquário em que trabalha.


Em algumas tarefas Dafu se sai melhor do que em outras. O pai, embora amoroso, às vezes se frustra e explode, só para se arrepender segundos depois. Entre erros e acertos, lágrimas e abraços, eles tentam de novo. E de novo. E de novo.


Diante de tanto empenho de pai e filho, outras pessoas são envolvidas em uma rede de proteção a Dafu: a vizinha prestativa que usa as habilidades de organização do moço e faz dele seu ajudante na mercearia; o chefe de Wang que emprega o rapaz como faxineiro e o deixa nadar nos tanques, já que dentro da água parece ser seu habitat natural; a moça que chega com o circo e se encanta com o jeito simples de Dafu.


Sim, tanta solicitude soa artificial e faz pensar que é realmente triste que as coisas provavelmente não sejam assim no mundo real. É evidente que a diretora manipula nossas emoções com doses maciças de ternura e trilha sonora que entra nos momentos exatos para fazer chorar. Mesmo assim, gostei do filme. É como contos de fadas. Sabemos que são apenas histórias, mas a mensagem final nos enche de esperança.

Nota: 3,5/5

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Sobre a diretora:
Xue Xiaolu nasceu em Pequim, China, em 1970. É roteirista, diretora e professora na Academia de Cinema de Pequim. Seu maior sucesso é justamente sua estreia, “Ocean Heaven”, filme de 2010 que ganhou vários prêmios em seu país natal e foi inspirado nos 14 anos de experiência da diretora como voluntária em uma ONG de educação de crianças autistas. O projeto chamou a atenção de Jet Li, que nem cobrou cachê, e o filme foi realizado com apenas 1 milhão de dólares. Depois de “Ocean Heaven”, a diretora lançou “Finding Mr. Right” em 2013 e “Book of Love” em 2016.

Este post faz parte do projeto Veja Mais Mulheres, criado pela Cláudia Oliveira. Para ver o post de apresentação que inclui minha lista de filmes e os links para as respectivas postagens, clique AQUI.

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