sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Filmitcho: Um Conto Chinês (Un Cuento Chino)

Eu adoro filmes argentinos. Ao contrário do cinema brasileiro, que insiste em temas de exclusão social, apela para temas religiosos ou descamba para maluquices sem pé nem cabeça (com suas devidas e bem-vindas exceções), os filmes dos hermanos conseguem contar com leveza histórias simples, retiradas de situações do dia a dia, e olhá-las de forma poética. E, como não poderia deixar de ser, sou superfã do Ricardo Darín, ator tudo-de-bom presente em 90% dos filmes argentinos (pelo menos naqueles que dão as caras por aqui).

Toda essa introdução para falar sobre a mais recente pérola a que assisti: Um Conto Chinês (Un Cuento Chino). É a história de um rapaz chinês que vai parar em Buenos Aires por causa de uma vaca que cai do céu. Sim, surreal, mas baseado num fato real, como se descobre conforme o filme avança. Enfim... ele não fala uma palavra em espanhol e tem um endereço tatuado no braço. Quem acaba cruzando seu caminho é Roberto (Ricardo Darín), um tipo controlador, solitário, cheio de manias que beiram o TOC. Ele vê o chinês sendo expulso de um táxi e abandonado na rua e, mesmo a contragosto, decide ajudá-lo.

E é aí que começam as confusões e a peregrinação de Roberto para encontrar alguém que conheça o rapaz. Muitas situações inusitadas e mal-entendidos se acumulam nessa deliciosa comédia. O filme só muda um pouco de tom mais para o final, quando Roberto finalmente decide se abrir e a verdade sobre a tal vaca é revelada.

Simples. Bonito. Divertido. Encantador... Simplesmente Imperdível!!!

Veja aqui o TRAILER.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Leia o Livro, Veja o Filme: O Outro / O Amante

O LIVRO: O Outro (de Bernhard Schlink)


Sinopse:
Depois de perder a mulher para o câncer, Bengt procura conforto nas tarefas mais simples do dia a dia. Até que recebe uma carta endereçada a ela, e tudo o que viveram juntos desmorona de uma hora para a outra. Percebendo a chance de manter viva a memória da esposa, Bengt começa a responder as cartas do estranho como se fosse Lisa. A cada nova carta, ele a redescobre, mas segundo os olhos do Outro. Entretanto, as mensagens não são o suficiente, e logo a empatia entre os dois e a curiosidade de Bengt fazem com que ele parta ao encontro do Outro.

Foi esta sinopse que me levou a ler o livro e é aí que está a beleza da história: conhecer alguém pelos olhos de uma terceira pessoa.

“Às vezes, ele se perguntava o que era pior: o fato de a pessoa amada ser outra com outro ou exatamente aquela com quem se partilha uma intimidade. Ou então as duas situações eram igualmente ruins?” (página 18).

Lógico que existe a raiva de ter sido enganado e as inevitáveis comparações com o Outro, mas no livro Bengt (o esposo) consegue conter e dissimular frustração e de fato se aproxima de Rolf (o outro). Mesmo quando descobre que Rolf era um pilantra pobretão e tem a chance de humilhá-lo, Bengt não o faz, porque por fim entendeu que isso não mudaria os fatos e que, à sua maneira, Rolf conseguiu fazê-lo enxergar a mulher com quem havia compartilhado uma vida de uma outra maneira e a manteve viva e preservada em sua homenagem póstuma.

O FILME: O amante (The other man)

Já o filme é um thriller e envereda por um caminho mais sinistro, com Peter (Bengt, no livro) querendo matar Ralph (Rolf, no livro). Toda a beleza e a poesia que havia no livro são arruinados no filme, começando pela profissão de Lisa (no livro ela era violinista; no filme ela era estilista de sapatos), passando pela troca de correspondência entre Peter e Ralph (no livro eles se comunicavam por cartas; no filme, por e-mail), e terminando na forma como Lisa é mostrada (no livro fica claro que o marido só pensava em trabalho, negligenciando não só a esposa, mas também os filhos; no filme nunca vemos esse lado de Peter, fica parecendo que ele era o marido perfeito e atencioso, e o mais bonito da história, que era quando Peter relembrava o jeito que a esposa agia com ele e compara com a forma como ela agia com Ralph, não existe). Até mesmo a morte de Lisa só é mencionada no fim do filme, fazendo com que o espectador tenha a impressão de que ela simplesmente saiu de casa e sumiu e que todo o tempo o marido estava apenas tentando encontrá-la.

Com certeza eu não daria a mínima para o livro se assistisse ao filme ou simplesmente lesse a sinopse da película antes. Tanto que o filme é de 2009, mas nunca chamou minha atenção. Só resolvi assisti-lo agora que terminei o livro. Meu veredicto?

Leia o livro. Fuja do filme!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Filmitcho: Paixão Suicida (Wristcutters: A Love Story)

Sinopse
Zia (Patrick Fugit) é um rapaz que comete suicídio por causa da namorada e passa a viver numa espécie de limbo dos suicidas. Nesse lugar estranho, ele faz amizade com Eugene (Shea Whigam), um ex-músico russo que mora com toda a sua família suicida. Depois de um tempo sobrevivendo no limbo, Zia descobre que sua ex-namorada, Desirée, se suicidou um mês depois dele. Eugene e Zia saem então em busca dela e no caminho encontram Mikal (Shannyn Sossamon), uma moça que afirma estar lá por engano. Juntos, eles saem em busca de Desirée e das pessoas encarregadas do lugar.


Embora o filme seja de 2006, nunca tinha ouvido falar dele e, se visse a péssima capa do DVD em português (comparem capas e vejam como acabar com um filme sem muito esforço...) junto com o título nada animador e a sinopse emo, certamente dispensaria sem nem dar uma chance ao coitado. E perderia uma ótima história. O filme é uma espécie de road movie non-sense pelo limbo de paisagens desbotadas. E como todo road movie, nessa viagem cada personagem está em busca de algo (Zia busca a ex-namorada, Eugene busca uma mulher que o ame, Mikal busca os responsáveis pelo engano), ou seja, mesmo depois de morta as repetem infinitamente os mesmos padrões de comportamento que tinham enquanto vivas.

A ironia é que no limbo tudo é bem parecido com a realidade em vida, porém pior: os empregos são medíocres, as casas são péssimas, os carros decadentes. E eles acabam se dando conta de que perderam muito mais do que achavam que tinham e passam a dar valor a coisas que passavam despercebidas: não há estrelas no céu do limbo e as pessoas perderam a capacidade de sorrir.

Mas apesar da temática do suicídio, o filme não é depressivo. É um filme bonito, em que a amizade, o romance e as descobertas vão surgindo sutilmente no desenrolar da história, conta com uma trilha sonora muito legal e ainda apresenta toques cômicos surreais como, por exemplo, os faróis impossíveis de consertar do carro de Eugene e o buraco negro debaixo do assento do passageiro. O próprio suicídio acidental de Eugene é impagável! Uma grata surpresa.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Achados da Semana

Olás!

Esta semana, que eu achei que seria tranquila, acabou se tornando superenrolada e nem tive tempo de postar ou de ler ou assistir a filmes. Mas queria compartilhar com vocês os achados da semana. Bom, tecnicamente, os achados são da semana passada, já que foram obtidos na sexta e no domingo, mas tá valendo!

Acho que vocês já perceberam que sou consumidora compulsiva de livros e filmes. Daí que sexta-feira passada fui ao cinema e, enquanto não dava o horário do filme, fui dar uma voltinha na Livraria Cultura. Pra que? É praticamente impossível entrar lá e sair de mãos abanando. O resultado?

O "Misto-Quente" estava na minha lista de leitura há décadas e, apesar de ser baratinho, sempre deixava para depois. Daí que li uma resenha dele num blog há algumas semanas e senti vergonha por nunca ler a obra. Comprei e estou lendo (e adorando!). O "Selvagem da Motocicleta" eu tinha visto outro dia na livraria, mas acabei não comprando. Desta vez, não resisti... Quanto ao "Control" eu queria comprar faz tempo, mas o preço nunca ajudava. Aproveitei que desta vez estava um preço razoável e botei na cesta. Já "A Bela e a Fera" eu estava namorando desque que fizeram o lançamento da edição especial em DVD no natal. Não foi exatamente uma pechincha, mas eu só tinha o filme em VHS e como este é meu filme Disney favorito...

E assim dei por esgotada minha verba do mês dedicada à compra desse tipo de itens. No entanto, nada como um dia após o outro, né? No domingo eu estava no shopping aguardando a loja de celular abrir para resolver um problema e resolvi dar uma entradinha nas Americanas. Para minha surpresa, a loja que nunca vi organizada nos seus 10 anos de existência estava irreconhecível... Prateleiras organizadas, produtos com preço, gôndolas arrumadas, caixas com atendentes. Um verdadeiro milagre! O que acabou sendo ruim para mim porque, com a bagunça de outrora, eu frequentemente desistia de olhar as coisas e ia embora sem comprar nada, mas desta vez acabei encontrando coisas interessantes:

O "Vicky Cristina Barcelona" eu adoro e queria faz tempo. Como não amar um filme do Woody Allen que se passa em Barcelona e que tem 3 atores incríveis (Javier Bardem, Penelope Cruz e Scarlett Johansson)? O "Ensaio Sobre a Cegueira" eu achei que já tivesse comprado, mas durante minha última arrumação da estante descobri que não. Mas "O ACHADO" foi o "Box da Quadrilogia Alien". Desde que lançaram em DVD eu estava querendo, mas a edição inicial se esgotou logo e as que vieram depois eram absurdamente caras. Nada que uma loja organizada e em promoção não possa fazer por mim. Já está morando bem acomodado na minha estante. Aliás, isso me faz lembrar que preciso passar para frente o Box da Trilogia Alien em VHS + o DVD de Alien: Ressurreição...

PS. Além do Trocando Livros e do Skoob, agora estou com perfil no Livra Livro também. Quem quiser trocar livros, me procure por lá!