quinta-feira, 28 de julho de 2011

Filmitcho: Rio

Esta semana finalmente consegui assistir Rio, a badalada animação do brasileiro Carlos Saldanha.

O filme conta a história de Blu, uma arara azul macho que é capturada ainda filhote na floresta e contrabandeada para os Estados Unidos, onde acaba caindo do caminhão e é salva por Linda, que a adota e promete cuidar dela até o fim da vida. Certo dia, na livraria de Linda aparece Túlio (dublado em português e em inglês por Rodrigo Santoro), estudioso das aves que foi até os EUA em busca de Blu, pretendendo levá-lo ao Rio de Janeiro para que se reproduza com a última fêmea da espécie, Jade. Todos viajam então para a Cidade Maravilhosa, onde as araras são capturadas por contrabandistas de aves (mais uma vez). Elas conseguem fugir, mas estão acorrentadas uma à outra, então têm que contar com amigos de Jade, que incluem outros pássaros e até um buldogue babão, para conseguir se livrar da corrente e reencontrar Linda e Túlio. Detalhe: as araras precisam fazer todo o caminho andando ou inventando artimanhas para chegar ao destino, já que Blu jamais aprendeu a voar. No caminho, o grupo ainda tem que enfrentar uma gangue de macacos que fazem truques para roubar turistas.

A animação é muito bonita visualmente e traz os principais cartões-postais do Rio (Pão de Açúcar, Arcos da Lapa, Pedra da Gávea) e outras atrações que deixam turistas loucos (praia, frutas “exóticas” na feira livre, carnaval). A trilha sonora é meio óbvia e totalmente voltada para agradar os gringos (ou alguém acredita que “Garota de Ipanema” e “Mas que nada” são músicas que representam o som que ouvimos por aqui?). Não sei se isso existe na versão dublada, mas na versão legendada há mais uma característica "pra gringo ver", ou melhor "ouvir": em determinado momento um dos personagens solta uns "Ai, ai, ai" estilo Ligeirinho, saca? Só faltou um “Ai, caramba!” para completar a confusão que os americanos, em geral, fazem entre mexicano e brasileiro (entre qualquer país latino-americano, na verdade).

De resto, achei muito bom. Bem divertido. Pedro, o pássaro de topete vermelho, é o meu favorito, com seu estilo rapper (dublado em inglês por will.i.am). Se bem que o buldogue Luiz também é impagável!

Em tempo: na época do lançamento do filme nos cinemas, lembro de ter lido comentários de algumas pessoas reclamando que o filme denigre a imagem do Brasil lá fora porque mostrava contrabando, crianças envolvidas em crime, favela e os macaquinhos roubando turistas e tal. Sinceramente? Hipocrisia pura. Todos nós sabemos que essas coisas existem mesmo (quer dizer, os macacos não sei, mas é só trocarmos macacos por humanos) e que são infinitamente piores na realidade. Na verdade, o filme até faz um favor, já que mostra só as paisagens bonitas em tomadas cinematográficas, sem dar um close nas partes feias que existem na vida real. Se todos os problemas e motivos de vergonha fossem esses mostrados no filme, aqui seria o paraíso!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Leia o Livro, Veja o Filme: Água para Elefantes

SINOPSE:

É a história de Jacob Jankowski, jovem que perde os pais em um acidente e, por isso, decide cair no mundo, antes mesmo de fazer os exames finais da faculdade de Medicina Veterinária. Ele acaba se juntando ao circo dos Irmãos Benzini como tratador dos animais e apaixona-se por Marlena, a estrela principal do circo e esposa de August, o gerente do setor de animais. Existe ainda um outro elemento fundamental à história, que surge lá pela metade do livro e que é responsável pela virada no enredo e mudança de atitude de Jacob: a elefanta Rosie.

COMPARAÇÃO: Contém spoiler!!!
O LIVRO: Água para Elefantes (Sara Gruen) [Canadá]


Mantendo a tradição, o livro é infinitamente superior ao filme.

Primeiro porque o livro mostra o cotidiano de Jacob, agora com 90 ou 93 anos (ele não sabe ao certo), na casa de repouso. Sua rabugice e discussões com outros velhinhos e com as enfermeiras são hilárias.

Segundo porque o livro mostra bem claramente a realidade da vida no circo: pobreza (exceto para os donos, claro), condições de trabalho precárias, maus tratos (tanto de pessoas como de animais), humilhação (pessoas com deformidade física são vendidas e expostas como atração – as aberrações), abusos (pessoas são jogadas do trem em movimento quando não conseguem mais trabalhar e animais trabalham até morrerem de exaustão).

Terceiro porque o livro traz mais detalhes sobre o período em que se passa a história: o fim dos anos 20 e começo dos anos 30, na época da Lei Seca e da Grande Depressão dos Estados Unidos.

O FILME: Água para Elefantes (Francis Lawrence) [Áustria]



A adaptação até que é boa, embora, como sempre, acabe passando a falsa ideia de que tudo no mundo do circo é glorioso e belo, de que todos são felizes e de que o único caso de violência contra os animais ocorre num dos acessos de raiva de August, o que obviamente não é bem assim.

Mas, de tudo, há duas modificações no filme que acho que comprometeram a história:

1- A cena em que Jacob descobre que a elefanta só entende polonês é totalmente sem sentido no filme. Do nada, ele pede, em outra língua, para Camel levantar a perna e a elefanta que estava deitada ali ao lado levanta sua pata. Mas em momento algum antes disso ele tinha conversado com Camel em outra língua ou mencionado sua origem. Ficou forçado.

2- No livro, o dono do circo é o Tio Al e não August, o marido de Marlena. No filme, os dois personagens foram unificados na pessoa de August. Isso me incomodou, principalmente no final da história, já que, depois que August agride Marlena, é Tio Al quem chantageia Jacob, pois descobriu que ele estava escondendo Camel, e então obriga Jacob a convencer Marlena a voltar para August, para que os atritos entre eles não atrapalhassem as apresentações. No filme, obviamente isso não existe. Pior, a briga entre Jacob e August, que deixa este último com o rosto deformado e o impede de se apresentar com Rosie, também é modificada. A não apresentação de Rosie durante vários espetáculos é um evento importante. O filme acelera o final e não mostra uma série de incidentes que, somados, levaram ao trágico desfecho.

OPINIÃO: Leia o livro; dispense o filme.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Prato do Dia: Batata Suíça ou Rösti

Oi, gente!

Faz tempo que não posto um Prato do Dia...
E faz mais tempo ainda que estava a fim de comer batata suíça...
Como o bar onde eu costumo comer a tal batata fica longe de casa (ainda bem!) e como fico com preguiça de atravessar a cidade só para comer, acabo adiando o petisco.

Eu já tinha visto umas receitas na internet mas, sabe-se lá porque, achava que era difícil de fazer.
Engano meu!! Além de ser superfácil de fazer, ainda é rápida de preparar e uma delícia de comer, lógico!
Aproveitei que tinha uma dia relativamente sossegado, me enfiei na cozinha com a receita na cabeça e:

Voilà!!! 


A receita tirei DAQUI e, claro, fiz umas adaptações. Basicamente, só troquei o recheio (a minha versão foi recheada com mussarela, azeitonas verdes e orégano) e deixei as batatas por 8 minutos cozinhando na água. De resto, é só seguir as etapas de preparação da receita original que dá certinho.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Presidenta NÃO!!!!

Já faz tempo que essa coisa de chamar Dilma de presidenta vem castigando meus ouvidos e me irritando...
Ontem recebi um e-mail simples e muito explicativo que esclarece com bom humor a questão.
Reproduzo aqui as palavras de Miriam Rita Moro Mine - Universidade Federal do Paraná:

No português existem os particípios ativos como derivativos verbais.
Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante... Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.


Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionarem à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte.


Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha.


Diz-se: capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".


Um bom exemplo do erro grosseiro seria:


"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta".


Por favor, pelo amor à língua portuguesa, repasse essa informação.

Ficou claro agora?
Então vamos divulgar...
Bjo

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Discos que Ouvi Até Gastar: Guns N' Roses - Appetite for Destruction

Hoje é o Dia Mundial do Rock!


Para celebrar, decidi tomar vergonha na cara e fazer um post que venho adiando há um bom tempo. Inauguro hoje a seção Discos que Ouvi Até Gastar, trazendo sempre um disco que morava no meu aparelho de som.

Para começar em grande estilo, o disco que me fez começar a gostar de rock, que me mostrou um mundo novo, que serviu de base para meu gosto musical e que, de alguma forma, fez de mim o que eu sou: Guns N' Roses - Appetite for Destruction.


Sim, minha gente... muito antes de ser a piada que se tornou atualmente e mesmo antes de ser “a banda mais perigosa do planeta” (me lembro que eles disputavam o título com o Metallica) na época do álbum duplo Use Your Illusion, GNR foi uma das primeiras bandas de rock que ouvi e, com certeza, a primeira que me fez querer ouvir mais e mais, lá nos idos dos anos 80, quando eu tinha uns 11 ou 12 anos. Um amigo me emprestou uma fita K7 (sim... muuuuito antes dos CDs e mp3), eu levei pra casa, escutei e pensei "Caramba! Que banda é essa? Que som é esse? Que diabos eles estão falando?". Providenciei uma cópia da fitinha e mais tarde acabei comprando uma original que, literalmente, gastei de tanto ouvir. A coitada acabou desenrolando várias vezes de tão gasta....

Appetite for Destruction marcou uma era, a começar por sua capa nem um pouco sutil, que acabou sendo proibida e ganhou novas versões em vários países. Suas faixas são um passeio. Este é um daqueles discos que você ouve inteiro, sem pular nenhuma música, reconhecendo cada uma delas já nos primeiros acordes. Aliás, é isso o que torna essas músicas clássicos inconfundíveis. Que atire a primeira pedra quem nunca cantarolou involuntariamente Sweet Child O’Mine ou ficou com a música na cabeça após ouvir os acordes iniciais.

Mas GNR era muito mais que isso. Além das baladas românticas e riffs inconfundíveis, o Guns era mestre na arte da ofensa. Mantendo a fama de mau e pondo em prática a tríade "sexo, drogas e rock n' roll", o Guns vivia metido em confusão na vida real e, em muitas de suas músicas, usava com desenvoltura uma vasta lista de palavrões, xingamentos e palavras ofensivas. Devo a eles minha iniciação no mundo superdidático das palavras proibidas nos cursinhos de inglês. Lembrem-se, era uma época em que não havia internet e em que o acesso às letras de música se dava pelos folhetinhos de letras traduzidas do Fisk (ainda existe isso?) ou revistas especializadas. Como obviamente os palavrões ficavam de fora dos folhetinhos do Fisk, eu gastava uma boa grana em revistas de letras de música que, agora eu percebo, traziam umas traduções bem ruins, mas era o que se podia arranjar. E o Guns era uma ótima fonte de vocabulário de baixo calão, afinal, que outra banda poderia me oferecer diversos sinônimos para drogas, prostitutas e bebidas (além de outros termos mais chulos)?

E é por isso que neste Dia Mundial do Rock eu gostaria de agradecer ao Guns N’ Roses por ter guiado meus primeiros passos pelo mundo do rock, por ter criado baladas que me faziam acreditar no amor, por ter me apresentado o lado mais barra pesada da vida e por ter permitido que eu ampliasse meus conhecimentos linguísticos, por permitir que eu desse vazão à rebeldia adolescente e, principalmente, por criar pérolas do rock que ainda hoje carrego comigo no mp3 e que alegram meus dias, embora tragam uma certa nostalgia...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Leia o Livro, Veja o Filme: Cem Escovadas Antes de Ir Para a Cama / Cem Escovadas Antes de Dormir

O LIVRO: Cem Escovadas Antes de Ir Para a Cama (Melissa Panarello) [Itália]



O livro é uma mistura de fatos e ficção sobre relatos de experiências sexuais vivenciadas pela autora, Melissa Panarello, entre seus 15 e 16 anos.

Tudo começa quando Melissa vai a uma festa onde também está Daniele, rapaz por quem Melissa é apaixonada. Surpresa por ele prestar atenção nela, a garota fantasia um romance de conto de fadas, mas é trazida rapidamente à realidade pelo modo como Daniele a trata: um simples objeto sexual.

Destratada desde essa sua primeira experiência, ela passa a buscar continuamente relacionamentos em que descaso, abuso e humilhação dão o tom, permitindo assim que ela fuja do tédio e da mesmice dos seus dias. Sem pudor algum, ela participa dos mais diversos jogos sexuais e perversões e os narra em seu diário.

As cem escovadas do título fazem referência a um ritual de purificação infantil: Todos os dias, ao voltar para casa após mais uma sessão de humilhação, ela senta-se diante do espelho e escova os cabelos, seguindo uma história que conhece desde muito pequena e que diz que essa é a forma de uma princesa atrair seu príncipe encantado.

Opinião (contém spoiler):
Imagino que, como toda adolescente, ela seja curiosa e tenha uma visão romântica demais das coisas. Ao se deparar com o mundo real, ela fica perdida e decide “dar o troco” (de um jeito totalmente sem lógica) e entregar aos homens (e, eventualmente, mulheres também) apenas seu corpo, enquanto, no fundo, espera por seu amor verdadeiro. Na prática, acho que ela não conseguiu alcançar o que pretendia e acabou apenas se machucando. O surgimento do príncipe encantado no final soa falso, mais difícil de acreditar do que certas aventuras narradas ao longo do livro.

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O FILME: Cem Escovadas Antes de Dormir (Luca Guadagnino) [Itália]



O longa baseado no livro pega beeeeem mais leve nas estrepolias de Melissa, afinal, se fosse exibir o que é descrito detalhadamente no livro, teria uma classificação indicativa para maiores de 18 anos e perderia boa parte do público adolescente atraído pela trama. Além de cortar algumas cenas mais picantes e de atenuar outras, o filme romantiza ainda mais a história, o que acaba, no fim das contas, dando ao “príncipe encantado” mais veracidade.

Há ainda a adição de um personagem que não existia no livro: a avó. No filme, é ela quem tem mais afinidade com a neta, quem a penteia e quem percebe que há algo errado com a garota. O pai de Melissa não aparece no filme, pois vivia viajando a trabalho. No entanto, sua presença nem faz diferença, já que, estando em casa ou não, os pais são sempre estão sempre distantes e ignoram o que se passa com a filha.

Opinião:
Em geral, gosto muito mais dos livros do que das adaptações cinematográficas, mas, neste caso, acho que a transição de “mulher-objeto com senso autodestrutivo que topa qualquer coisa” para “princesa de conto de fadas que encontra seu príncipe e vive feliz para sempre” é menos brusca, portanto, mais crível. Acaba sendo um filme de superação que resulta em romance da Sessão da Tarde.